Subsídios para a reforma da educação superior
Capítulo 2. Ingresso, permanência e paradigmas curriculares.
A Academia Brasileira de Ciências formou um grupo de trabalho com o intuito de preparar documentos sobre temas sugeridos pelo MEC, tais documentos adotam os princípios do Manifesto de Angra em defesa da Universidade pública, e detalha várias propostas que têm como objetivo proporcionar educação superior com qualidade de ensino e de produção intelectual. Esses documentos expressam convicção de que a avaliação das instituições de ensino superior por comitês externos de pares é um mecanismo fundamental para aperfeiçoamento dessas instituições.
Sobre
a reforma do ensino superior, nos EUA, o sistema de educação é muito amplo pois
contém cursos com duração de dois anos que abordam temas gerais até nível de
bacharel de 4 anos e PhD. O curso de bacharelado tem o chamado Ciclo Básico
(CB) com duração de pelo menos 1 ano onde o estudante não precisa declarar
intenção sobre sua escolha de carreira, pois o CB se dedica aos fundamentos de
ciências e artes. Já no Brasil, essa questão de reforma universitária são
decorrentes três grandes problemas, sendo ele: 1- o sistema de ensino superior
no Brasil é incapaz de oferecer educação de qualidade para a quantidade de
jovens que a solicitam; 2- os cursos de bacharelado são demasiadamente longos,
com duração de 4 a 6 anos, exigindo assim que o estudante tenha sua escolha de
carreira no momento que ingressar na universidade; 3- as profissões de nível
superior são regulamentadas, o que impede o seu recorte e dificulta a formação
de novos profissionais que o novo mundo solicita. O primeiro e o segundo
problemas citados anteriormente estão interligados, já que o atendimento de um
número maior de jovens requer a criação de cursos de bacharelado mais curtos.
Existe
uma necessidade urgente de se ampliar o número de vagas nas instituições de
ensino superior, porém coloca-se três desafios: 1- é necessário aumentar
investimentos no setor público; 2- estabelecer uma estrutura que permita
avaliações constantes das instituições garantindo que a ampliação das vagas não
atrapalhe a qualidade de ensino; 3- aumentar a eficiência das instituições. A
maior causa da ineficiência do sistema de universidades seja por causa do
processo seletivo. Se a universidade retirar a opção de carreira até que o
estudante tenha informações suficientes, os vários cursos terão de competir
internamente para atrair os estudantes após o ciclo básico. A existência de um
ciclo básico anterior à opção de carreira provoca duas competições: a
competição entre os estudantes que querem ampliar suas opções, e a competição
entre a instituições para mostrar aos estudantes que ali tem a melhor formação.
[...o índice de desistência é alto em quase todas as áreas porque muitos alunos
descobrem que sua precoce opção de carreira foi um equívoco.] (p.12).
A
rapidez no avanço do conhecimento é bastante marcante nessa nova era. As
habilidades de uma área que o profissional retém no seu tempo de formação
costumam ficar desatualizadas rapidamente com o passar do tempo, sendo assim,
pode ser que a educação contínua se torne uma prática inevitável nesse novo
mundo. Nos EUA, como já foi citado anteriormente, os cursos de graduação têm
duração de quatro anos, e a escolha de carreira nunca é feita antes de terminar
o primeiro ano. A redução principal da carga horária obrigatória permitiria não
só incentivar a participação dos estudantes no processo de aprendizado, como
também possibilitaria que o estudante tivesse
uma formação mais ampla, através de oficinas eletivas e oficinas de
trabalho.
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